sábado, 22 de fevereiro de 2014

Perfil de botonista - Parte 1 - O Craque

São atletas que atingiram um nível qualitativo inquestionável, não só em comparação com outros atletas mas principalmente pelo volume de jogo eficiente e eficaz, quase incondicional.





Características:
EXPERIÊNCIA: A maioria dos craques pratica o futmesa desde pequeno, e pelo tempo de estrada, já passaram por todos os estágios evolutivos e já viveram praticamente todas as emoções e situações possíveis numa mesa de jogo, dificilmente serão surpreendidos por alguma coisa;
HABILIDADE: Dominam totalmente os fundamentos do jogo, são capazes de jogar alternando jogadas praticamente robóticas e insights de genialidade quando conveniente ou necessário; são muito difíceis de marcar, pois conseguem ter um aproveitamento competitivo atacando de qualquer posição da mesa e todos, sem exceção, possuem uma bola de segurança infalível, utilizada via de regra, só quando necessário;
VISÃO SISTÊMICA: Os craques costumam jogar aparentemente de forma “menos responsável” nos treinos, se comparados com seu desempenho nas competições, na maioria das vezes esta impressão é causada por uma virtual facilidade em equilibrar as partidas, e na verdade, enquanto você está tentando vencê-lo, ele está tentando conhecê-lo, o craque sabe que mais cedo ou mais tarde terá de enfrentá-lo numa competição oficial, da qual ele participará pensando no título, e qualquer informação que ele tenha sobre o seu jogo será fundamental para tirar você do caminho, com o menor esforço possível para fazê-lo; ainda assim, a diferença de qualidade acaba fazendo a diferença, mesmo quando o principal objetivo do craque, não é a vitória;
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: Para ser craque é preciso primeiro de tudo, estar preparado para sê-lo. Ele se diferencia dos demais atletas pela simplicidade com que faz aquilo que parece impossível, e esta imagem, se constrói a partir da preparação psicológica, jogar bem qualquer botonista joga, jogar bem sempre, contra qualquer adversário e sob qualquer circunstância, só os craques conseguem, estar totalmente consciente do ambiente que o cerca e das variáveis que podem influenciar o desempenho é tarefa para poucos, adaptar-se a elas sem deixar que as suas influências causem impactos significativos, é para pouquíssimos, saber usar essas variáveis a seu favor, só os craques conseguem;
CONDUTA: O craque sabe que é capaz de vencer qualquer adversário, inclusive outros craques, vencer pura e simplesmente não é suficiente, é preciso vencer inquestionavelmente, beneficiar-se de irregularidades, permitir que qualquer tipo de dúvida paire sobre um determinado resultado ou abrir mão do comportamento inerente a um indivíduo que está notória e reconhecidamente acima dos demais por seus próprios méritos, pesa mais para o craque do que a própria derrota, esse é o principal motivo que torna uma partida contra um craque uma “experiência de futmesa”, Aristóteles já dizia – “A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las”;
COMPROMETIMENTO: O craque pela sua própria influência sob os demais já está comprometido eternamente com o futmesa, por tornarem-se referência para muitos, mesmo ao se despedirem das mesas continuarão presentes na memória, ainda assim, cobrar comprometimento desses atletas (que entram em um torneio contra outros 95 atletas dos melhores do Brasil para ser campeão) chega a ser patético, a diferença é que para o craque o tempo corre diferente, o mundo parece girar mais devagar e o nível de assiduidade exigido para os mortais não se adapta a eles, a maioria possui métodos específicos de condicionamento focados no alto rendimento e convenhamos: não existe maior comprometimento do que ser protagonista da história.
Para vencer:
Será necessário jogar muito, a maioria dos botonistas passa anos jogando e perdendo para os craques, em função do volume de jogo apresentado por estes e pela pressão psicológica que a presença deles na mesa provoca em seus adversários;
É preciso entender que ao enfrentar um craque, é fundamental manter o jogo sob controle, e este controle deve ser refletido no placar. Aí é que está o problema, para equilibrar o jogo, ou você terá que acertar mais do que o costume ou ele errar mais do que o costume, ou ambos, se mesmo nestas circunstâncias você perdeu o jogo, ou você vencerá a próxima ou a melhor opção é reavaliar os seus limites, talvez você esteja querendo demais, e lembre-se: a pior derrota para um adversário é a primeira, por mais que você não represente perigo a este tipo de adversário ou ele ache que não represente, enquanto ele estiver invicto contra você, a manutenção do tabu já será motivação suficiente para ele jogar tudo o que sabe, então nunca espere moleza;
Considerando que quanto mais jogo tiver, maior a chance do craque abrir vantagem, a estratégia mais utilizada é a catimba  - fazer o relógio andar, e o jogo parar – desta forma, a quantidade de finalizações de ambos os lados tende a diminuir, aumentando a possibilidade de que o placar do jogo se mantenha parelho, mas pode esquecer administrar um 0x0 por muito tempo, o índice de acerto dos craques gira em torno de 75%, isso significa que, num tempo, jogado na catimba, cada um chutará 4 bolas ao gol, e o craque tende a fazer 3. Neste caso, manter o jogo equilibrado significará para você, acertar pelo menos metade dos chutes (2/4) o que num jogo desses, não é fácil;
Outro ponto relevante da catimba é que quando ela funciona, o craque sente, isso não significa necessariamente que ele não vai ganhar o jogo, mas este é o primeiro sinal de que talvez, naquele jogo, algo melhor do que uma derrota por poucos gols de diferença esteja reservado para você, mas é preciso aproveitar, portanto jogue todas as partidas contra ele como se fossem finais de campeonato, mais cedo ou mais tarde você irá pegá-lo num dia ruim, mas será preciso fazer a sua parte, uma derrota por 2x3 é muito mais difícil de digerir do que um 2x8;
Quanto mais você perder, mais estará próximo da vitória, acostume-se a enfrentar este tipo de adversário, a maior dificuldade é se adaptar ao ritmo do jogo, muitos botonistas conseguem fazer grandes jogos contra os craques, as partidas são mais abertas e jogando bem, é possível fazer mais gols que o costume, mas não peque ao olhar para o placar e se assustar, talvez perdendo a oportunidade, o futmesa dos TOP’s é outro jogo, lembre-se disso, tente jogar o jogo deles, aprimorando o seu;
A tendência natural é que estes jogos se decidam no erro e no contra-ataque: um acerto dele (0x1), um erro seu e um contra-ataque (0X2), duas sequências destas já são suficientes para derrubar o castelinho de qualquer emergente mais ousado, e depois que o placar se dilata o jogo se equilibra, o craque mantém-se na sua zona de conforto e o adversário quebra o gelo, está bom pra todo mundo, mas o jogo já está decidido;
Não vacile, concentração máxima  durante todo o jogo, mesmo uma diferença de 4 ou 5 gols pode ser tirada, e o craque quando está perdendo, está só esperando você acusar o golpe pra dar o bote, e tenha uma certeza, eles sabem muito bem fazer isso, a maioria deles não desiste do jogo nunca, por saberem que, a qualquer momento, o adversário pode perder o foco.

E aí, conhece alguém com esse perfil?

7 comentários:

Anônimo disse...

Grande Luiz !!

Como sempre, um belo texto e que traduz muito bem a realidade do mundo do futmesa ...

Rogério

SEXTA BOLA disse...

Posso dizer que essa foi uma coluna "escrita na prática", o que está aí, eu já vivenciei na pele...hehe...

André,

É a pressão, temos que aprender a lidar com ela, e isso acaba valendo pra qualquer jogo, contra qualquer adversário, a diferença é que quando o adversário é um craque, essa pressão aumenta bastante, e faz muito mais diferença do que em um outro jogo qualquer porque pagamos um preço caro...

Rogério,

Realidade, nua e crua...hehe

Abraço.

Dalla Stella disse...

Parabéns Luis pelo texto, realmente muito bom....
Durante todos estes anos que pratico o futmesa, encontrei alguns que se encaixam no perfil acima...
Não vou citar nomes pra não esquecer de alguém, mas posso dizer que aqui no Paraná tem alguns.
E realmente o que diferencia o craque é na hora do vamos ver mesmo...
Nos treinamentos, não significa nada, agora na hora da competição mesmo é que vc realmente vê quem é o craque...
Isso sempre foi assim e sempre será....
Abraço a todos...

Anônimo disse...

Muito bom texto Luiz, muito bom mesmo.

Abraços.

Denis

SEXTA BOLA disse...

Dalla,

Temos vários craques no PR, fora os que eu não conheci né...

Treino é treino, jogo é jogo...

Valeu Denis, obrigado.

Prólico disse...

Olá amigos, tudo bem?

Quero informar que o Blog da Liga Metropolitana foi totalmente remodelada e que está novamente na ativa.
Acessem, confiram e participem: www.metropolitanaliga.blogspot.com.br

Grande abraço a todos.
Prólico.

Prólico disse...

Olá amigos.

Já está disponível no Blog da LM o Ranking Rotativo atualizado. Acessem e confiram:

www.metropolitanaliga.blogspot.com.br

Grande abraço.
Prólico.