sábado, 13 de agosto de 2011

COLUNAS | O PIB do Futmesa

O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer seja, países, estados, cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região.

Seguindo a linha do blog de utilizar análises adaptativas, vamos utilizar o conceito do PIB, que na verdade poderia perfeitamente ser calculado para o futmesa, você já deve ter ouvido a expressão “tal atividade representa tantos % do PIB”, mas aí entraríamos em um nível de suposição absurdo, que não nos levaria, por hora, a lugar algum, mas que se feito da forma correta, poderia sim, nos trazer indícios importantes para uma “leitura” realista sobre o futmesa.

O PIB utIliza os “bens e serviços produzidos” porque quem produz pensa em vender, transformar capital em bem, e bem em capital, e assim, gerar riqueza, realimentando o ciclo. Desta forma produzir significa colocar à disposição, através de investimento, e essa ação, está condicionada a expectativa de venda (utilizando-se de todas ou alguams das ferramentas empresariais) o produtor se baseia na capacidade de absorção daquele mercado ao volume de oferta de produtos, na prática, ninguém produz mais, sabendo que não vai conseguir vender. E é esse indício, que é utilizado para calcular o PIB.

Nosso objetivo é mais humilde, vamos fazer a conta direta, não do quanto se produz, mas do quanto se consome, direta e indiretamente com o futmesa, para termos uma idéia, bem básica, do “poder do nosso mercado”.

Parto do exemplo paranaense para iniciar este cálculo. Hoje, a nossa Federação conta com 74 (42 adultos, 18 master, 14 subs) botonistas federados e “rankeados”. Estes atletas para participarem regularmente do circuito paranaense investem R$ 50,00 em anuidade da Federação, mais R$ 10,00 mensais, repassados integralmente as Ligas Metropoliana e União (cobrados em 10 parcelas em 2011 em função do calendário que começou em fevereiro e irá terminar em novembro, ponto para as Ligas), R$ 30,00 para disputar cada uma das duas competições Estaduais realizadas por ano, uma pela Liga Metropolitana e outra pela Liga União. Até aqui foram (50,00 + 100,00 + 60,00) R$ 210,00 de investimento individual.

Desta forma teríamos (210,00 x 74) R$ 15.540,00 arrecadados pela FPFM, para a gestão do futmesa paranaense, somando-se as duas Ligas que administram, na prática, o futmesa do Paraná. Além desse valor, cada clube filiado a Federação desembolsa R$ 150,00 à título de filiação e despesas para a realização do torneio estadual de Equipes, hoje temos 12 clubes filiados, 6 em cada Liga e assim, teríamos mais (150,00 x 12)R$ 1.800,00 que somados aos R$ 15.540,00 perfazem um total de R$ 17.340,00, por ano. A este valor podemos somar ainda o custo de deslocamento e hospedagem dos atletas nas competições estaduais fora de suas Ligas, e nesse caso, vamos considerar um preço médio (bem otimista) de R$ 200,00, assim teremos mais (200,00 x 74) R$ 14.800,00.

Com isso temos uma movimentação financeira no futmesa do Paraná (considerando apenas a modalidade 12 toques) de R$ 32.140,00.

Não paramos por aí, num levantamento básico, sem a intenção de fazer demonstrações financeiras mas, apenas a título de ilustração, podemos também considerar que os atletas paranaenses investem para participar das competições nacionais, aproximadamente R$ 800,00 por competição (Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Brasileiro de Equipes e agora, Brasileiro de Equipes Master – excelente iniciativa), já consideradas as taxas de inscrição. O Paraná leva a cada uma das dessas competições, em média, (30 para o Brasileiro, 8 para a Copa do Brasil, 30 para o BR Equipes e provavelmente 5 para o BR Master) 73 atletas. Aqui não vamos considerar a sede desses torneios, e usaremos um valor de referência considerando os meus gastos médios nas últimas competições que participei (SP e RJ). Dessa análise então, podemos chegar no valor de (800,00 x 73) R$ 58.400,00.

Finalizando o raciocínio, os botonistas do Paraná, somente na modalidade 12 toques, injetam (32.140,00 + 58.400,00) R$ 90.540,00 por ano, em produtos e serviços consumidos sob a justificativa da prática esportiva, surpreendente? Vamos tornar esta análise ainda mais real?

A Federação Paranaense conta hoje com 23 atletas federados e “rankeados” na modalidade dadinho, em relação as taxas pagas à Federação, teríamos que somar apenas valores referentes à competições estaduais, visto que, a anuidade e as mensalidades pagas pelos atletas no decorrer do ano são rateadas proporcionalmente por modalidade, em função do número de atletas. Vamos considerar então, para este cálculo (30,00 x 23) R$ 690,00. Ainda assim, os atletas do dadinho investem proporcionalmente, os mesmos recursos que os atletas da 12 toques (muitos deles são os mesmos atletas, praticando ambas as modalidades) para as disputas nacionais, para facilitar este cálculo vamos utilizar a proporção (23/74 = 0,31), assim teremos: 58.400 x 0,31 = R$ 18.104,00.

E assim, definitivamente, fechamos as contas paranaenses com (90.540,00 + 690,00 + 18.104,00) 109.334,00. Bela grana hein?!?! Quer mais??

Conheço alguns botonistas mais impulsivos, que compram times todo mês, outros que compram 4 ou 5 times de uma vez só, mas a maioria não é tão ousada, vai no feijão com arroz, e talvez não passe de 2 times novos por ano. Então vamos usar um valor de referência, considerando que os times de 12 toques partem de R$ 70,00 para os modelos mais simples. Vamos usar R$ 200,00 por botonistas, tendo em vista que além dos times nós, muitas vezes, precisamos investir em outros equipamentos (mesas, traves, bolinhas, palhetas, flanelas e seus implementos, decoração, entre outros) acredito que R$ 200,00 por ano, por botonista, é um valor bem realista, nem tímido, nem ousado. Vamos aos cálculos: (200,00 x 73 = R$ 14.600,00). No dadinho, a brincadeira é bem mais séria, não são raras as negociações em que botões desta modalidade são vendidos a preços de um time inteiro da 12 toques. O dobro seria um valor justo? Na minha ótica sim, então: (400,00 x 23 = R$ 9.200,00).

E aí fechamos, humildemente, as contas dos "investimentos técnicos" dos nossos atletas (somente do Paraná) em (14.600 + 9.200) R$ 23.800,00 por ano. Contabilizando, chegamos a R$ 133.134,00. Chega? Porque parou? Parou porque?

E a prática do esporte? Vamos considerar que, na média, como sempre, um botonista pratique o futmesa 1 vez por semana. Eu sei que tem gente que joga todo dia, e sei que tem gente que simplesmente não treina, ou porque não quer, ou porque não pode, não importa, mas 1 treino por semana é uma média bem próxima da realidade. Quanto custa um treino? Deslocamento (transporte público ou combustível) aquela encostada no balcão da lanchonete no início da noite, uma cervejinha antes de ir embora, essa brincadeira custa quanto? R$ 5,00? R$ 10,00? R$ 20,00? Depende, mas considerando o preço da gasolina, dizer que se gasta R$ 10,00 por dia de treino não seria exagero, seria? Um ano possui 52 semanas, tudo bem, na semana do Natal ninguém joga (esse “ninguém” é força de expressão, se tiver mais 3, eu to dentro). Vamos lá (10,00 x 73 x 52) dá R$ 37.960,00, é!!!...achou que era menos né?!?!, eu também...

Somando: R$ 133.134,00 + 37.960,00 = R$ 171.094,00 (cento e setenta e um mil e noventa e quatro reais).

É claro que as realidades das Federações Estaduais espalhadas pelo Brasil são diferentes, os custos, os formatos, a participação e o número de atletas, mas este é só um cálculo ilustrativo.

Quantas Federações temos no Brasil hoje, 11? R$ 171.094,00 x 11 = R$ 1.882.034,00, sem entrar nas outras modalidades reconhecidas e fortemente desenvolvidas em outros estados, essa conta vai muito além, acredito que se nos mobilizássemos para um levantamento preciso, esse valor chegaria facilmente a R$ 3 milhões, não tenho dúvidas.

Todo esse dinheiro sai, a cada ano, do bolso dos botonistas espalhados pelo Brasil e vai para a CBFM, para as Federações, Ligas, fabricantes, prestadores de serviços, hotéis, postos de gasolina, restaurantes, companhias aéreas e terrestres de transporte, e ajuda a movimentar a economia no nosso país. A questão é: Temos essa noção? Poderíamos utilizar todo esse potencial ou essa força econômica de outra forma, mais eficiente, para que isso tudo fosse revertido em mais qualidade para o futmesa?

Boas perguntas.

Você leitor, contribua com informações sobre a realidade da sua região, a fim de tornar essa análise mais realista, você pode sugerir outra abordagem sobre o tema ou questionar os cálculos e valores utilizados. Particpe.

Gol neles...

4 comentários:

André Leal disse...

Muito interessante. Importante repassar esses números em qualquer "tentativa" de levantamento de recursos em prol do futmesa. Isto demonstra nossa "força econômica" e o quanto nosso mercado movimenta.

Confesso, jamais imaginei que movimentávamos tal quantia ao longo do ano.

Grande abraço

SEXTA BOLA disse...

Grande André,

Com certeza, essa força econômica talvez possa ser melhor direcionada,eu digo talvez porque tudo isso é um exercício de planejamento e gestão, não temos verdades absolutas.

Volte sempre, gol neles...

Emerson disse...

Ae Luiz, beleza. Apenas penso que os numeros estão muito brutos. Isso é fragmentado. Tem parte do botonista, dos fabricantes, dos hotéis, da alimentação, etc. Mas para nossa Federação, o numero é grande , porém é picado (mensal) e ainda tem a parte do D.Pedro , premiação, etc. Mas beleza, caso tenha tempo faça essa conta mensal. Acredito que a realidade será bem diferente. Abração.

SEXTA BOLA disse...

Grande Foca,

Seu comentário me motivou a continuar esta análise, em breve eu publico.
O que vc disse é verdade, esse $ avesar de somar uma quantia vultuosa, sai, aos pouquinhos, e não é nada centralizado, são os gastos gerais dos botonistas, e a grande parte desse montante não é direcionada à gestão do esporte, para a CBFM e as Fed., perfeito, mas é gasto do mesmo jeito.

A pergunta que eu faria é a seguinte: será que não dá pra fazer mais com menos? E essa pergunta não é para a Federação responder, essa análise depende de um planejamento bem mais elaborado do esporte ocmo um todo, responsabilidade de todos nós.

Gol neles...