sexta-feira, 15 de julho de 2011

COLUNAS | A Verdade sobre os 12 toques


A posse de bola e o chute a gol, fundamentos combinados que determinam sucesso e fracasso.
De onde se chuta é importante, mas mais importante é para onde se chuta.







Daniel Kuster (Time Sextabola) uma vez me contou uma história, daquelas de mesa de buteco, que vendo uma entrevista do campeoníssimo Bernardo Rezende, ouvio-o dizer que o voleibol, por não ser um esporte de contato – entenda-se como um esporte onde o adversário não detém condições de evitar a sua progressão – exige um bom aproveitamento (relação sucesso / tentativa).

É claro que o futmesa não é um esporte de contato, mas analisando o nosso esporte metaforicamente, é possível estabelecer esta relação. Apesar da similaridade entre as modalidades, as diferenças entre as regras fazem com que estas, desenvolvam características diferentes, considerando o número de toques e a dinâmica de movimentação dos botões, mais especificamente. Por exemplo, a regra de um toque, em função da alternância constante e rápida da posse de bola, permite e mais do que isso, exige, que cada botonista ao efetuar seu lance, esteja pensando nos movimentos seguintes, assim como num jogo de xadrez. Desta forma, estabelece-se uma ferramenta para evitar (ou tentar) as ações ofensivas do adversário. Na regra do dadinho, a movimentação exclusiva da defesa após a alternância da posse de bola, permite ao defensor, ainda que de forma passiva, organizar-se considerando o posicionamento dos botões na mesa, ao mover suas 3 peças para a “marcação”. Na 12 toques, ainda que a movimentação seja livre a cada troca de posse de bola (dentro do que permite a regra) ataque e defesa detém os mesmo direitos, sendo que o ataque ou o “possuidor da bola”, ainda usufrui da facilidade de movimentar seus botões, exercendo a sua jogada, e convenhamos, em 12 toques é possível fazer muita coisa.


Com estes exemplos, é possível perceber que em cada modalidade o nível de interferência de quem defende, em relação a quem ataca, varia conforme as possibilidades que cada regra reserva, e esta interferência, é o que nos possibilita a “metaforicamente” considerar uma regra “de mais contato” que outra. Na regra de 1 toque, ainda que exista a alternância de posse de bola ( o que só não ocorreria, em qualquer regra, se ambos os botonistas executassem seus lances simultaneamente) o “contato” existe pois ocorre uma disputa por “circunstâncias favoráveis” a cada toque alternado, visando criar uma situação de gol.

O contra ponto extremo deste contexto, seria a regra dos 12 toques, onde, mesmo depois de se organizar para defender, o defensor assiste seu adversário jogar, estabelecida a estratégia, o sucesso depende do erro do adversário. Há virtude na arrumação da defesa e do goleiro? Claro que há, conhecer os pontos fracos de oponente, buscar variações que tornem as dificuldades circunstanciais da partida (mesa, bola e tempo) mais aparentes e relevantes, são métodos eficientes para FORÇAR OU INDUZIR O ERRO, equivalentes ao saque forçado e ao bloqueio no voleibol, comparativamente.

Essa realidade faz com que pensemos a “12 toques” como uma modalidade que exige o bom aproveitamento, um percentual alto de acerto em relação à quantidade de tentativas. Quem acerta mais, ou errar menos, ganha o jogo, tendo em vista que, na maioria dos casos, o número de chutes ao gol é equivalente entre os dois botonistas e, as vezes, mesmo tendo se chutado menos, pode-se fazer mais gols, tendo um melhor aproveitamento e vice-versa. Assim, a probabilidade de você fazer mais gols que o seu adversário passa diretamente pelo número de chutes que você precisa dar para fazer uma quantidade de gols maior que a do oponente.  Neste caso, se o seu aproveitamento é inferior ao dele, quanto mais tempo passar maior será diferença no placar (daí surgiu a catimba...kkk).

Sendo assim, na “12” a eficiência (fazer o melhor com os recursos disponíveis) e a eficácia (atingir o objetivo proposto) são armas mortais, e para desenvolve-las é preciso treinar o chute e o toque de bola, fundamentos principais do futmesa.

É necessário, para se ter um volume de jogo competitivo, e isso na prática significa transformar um percentual significativo das suas posses de bola em gols – pelas minhas contas grosseiras, os craques tem este percentual girando em torno de 80% - que se desenvolva a habilidade no toque de bola, para se conduzir a (nem sempre) redonda até o X na mesa, aquele lugar onde o chute é prefeito, ou no mínimo, julgamos que seja e, depois disso, “botá pra drento” como diria o boleiro.

Qual a melhor posição de chute?

Meu amigo Nelson Forbeck (Time Sextabola) diz que o chute de perto é mais fácil de acertar, citando-o: “por estar mais próximo do gol, percorre uma distância menor e tem menos chance de se desviar da trajetória pretendida”, não sou físico, e se algum deles quiser se manifestar sobre a veracidade de tal argumento, sinta-se a vontade mas, na minha opinião, o chute mais fácil de acertar é aquele que treinamos.
O chute de perto, talvez seja o mais treinado, e por isso, o mais acertado, o fato é que para chutar de perto é necessário, impreterivelmente, levar a bola até perto do gol, e aí, o toque de bola torna-se absolutamente relevante. Agora lembro-me do glorioso Rogério, campeão brasileiro, me falando nos primórdios de 2007, quando iniciei minha carreira “profissional” no futmesa: “de nada adianta você treinar o chute daí (da cara do gol), se no jogo, você não consegue levar a bola até lá pra chutar”. Então, chutar de perto pode até se mais fácil, mas exige riscos calculados na posse de bola.

O chute de média distância, segundo Robertinho, ultimamente conhecido como RoberTRInho, em função de uns joguinhos que ele ganhou essas dias, é o mais potente de todos, por ser ao mesmo tempo, mais difícil de ser marcado que o chute de perto, e mais fácil de acertar do que o de longe. Um bom chutador de média distância obriga seu adversário a adiantar a defesa, desguarnecendo sensivelmente a entrada da área facilitando o caminho para investidas mais ousadas.

Também conheço o mito de que num jogo entre um chutador de longa distância contra um chutador de perto, o primeiro venceria, pois utilizaria menos toques para arrematar ao gol, utilizando menos tempo e correndo menos riscos além utilizar sua pontaria afiada, características dos carinhosamente apelidados de bicudeiros, para desestabilizar o adversário.

A posse de bola e o controle do jogo

Já dizia C.A. Parreira, campeão mundial de futebol pelo Brasil em 1994, e maior defensor da posse de bola: “enquanto a bola estiver comigo, só eu jogo, e só eu posso marcar gols”. O raciocínio é voltado para o futebol, mas vamos emprestá-lo ao futmesa temporariamente. Manter a posse de bola, significa comandar a partida, ganhando ou perdendo, quem detém a posse de bola é o “agente ativo” do jogo, e tem o poder de controlar o tempo, num ponto de vista mais fictício ou romântico.

Saber associar as suas competências como botonista às circunstâncias do jogo, talvez seja a maior virtude do craque. Jogadores de que dependem de um único chute, seja de longe ou de perto, do meio ou da ponta, tendem a serem anulados (quando conveniente) e muitas vezes, a simples percepção de que o momento lhe exige uma abordagem diferente dentro do jogo, é o suficiente para criar sobre este botonista a atmosfera propícia ao erro. Saber usar isso é uma competência do craque, saber lidar com isso, também.

No fim das contas, percebo hoje, que a eficiência e a eficácia, visando o aproveitamento, envolvem o treinamento de diversos chutes, atualmente trabalho com uma variedade de 8 posições diferentes, onde devo manter uma percentual de acerto confortável para enfrentar os meus adversários sendo competitivo contra a maioria deles. E a definição, passa pela análise das circunstâncias da partida. Chutar de perto, de longe, do meio ou da ponta, e quantos toques usar para armar essa jogada é uma decisão que deve ser tomada levando-se em consideração muitos elementos relevantes dentro da partida. Num jogo contra um adversário com um percentual de acerto muito próximo ao seu, chutar uma bola rápida (2, 3 ou 4 toques), num contra-ataque antes do sino tocar, pode representar um chute a mais dado a gol, e uma vitória por um gol de diferença. Mas de nada adianta tomar essa decisão se o seu chute de longa distância não for efetivamente eficiente e eficaz.

E é aí que a combinação se torna determinante.

Gol neles...

3 comentários:

Daniel disse...

Grande Luiz, muito boa, como de costume, sua coluna. Concordo com muitos dos seus apontamentos e inclusive procuro aplicar alguns deles sempre que possivel. Agora, nada melhor que uns dois gols do meio da rua para desiquilibrar certos adversários huahuahua!!!

SEXTA BOLA disse...

Certeza Daniel, talvez, o "bicudão" seja tão "destruidor" porque é simples, e dificil de ser evitado. A sensação de impotência que cai sobre o "defensor" qdo toma um gol de longe, pode criar sozinho, aquele "ambiente favorável".

Mas o mesmo efeito acontece se vc não toma conhecimento da defesa adversária seguidas vezes, o entendimento de que, naquela partida, a vitória passa a depender de uma combinação improvável de circunstâncias, que envolvem erros e acertos, é psicologicamente destrutiva, e em boa parte dos casos, resolve o jogo sozinha.

É por isso que o aproveitamento é tão importante.

Gol neles...

Anônimo disse...

Ola botonistas da Curitiba

gostaria de saber se vai haver treino no Dom Pedro ou no Clube Curitiba na regar 12 toques. Aguardo, pois estou na cidade.

Eder - AABB Caruaru - PE