sexta-feira, 1 de julho de 2011

COLUNAS | As Regras e o Futmesa

Assunto recorrente nas discussões sobre o nosso esporte, a diversidade e quantidade de regras difundidas e praticadas no futmesa, sempre estiveram entre as principais peculiaridades do nosso jogo.
Tamanhas foram as suas capacidades de desenvolvimento regional que, na maioria dos casos, cada uma delas acabou se estabelecendo e se consolidando, com o passar dos anos, e algumas delas, hoje, são reconhecidas como modalidades.





Há quem defenda hoje, uma unificação das regras, para tornar a prática do esporte mais homogênea em todo o país, fortalecendo e agregando os esforços em um foco específico. Entretanto, há também os que defendem a manutenção das regras, inclusive, reconhecendo-as todas, como modalidades oficias, desde cumpridas as devidas formalidades técnicas e administrativas.
Cabe ressaltar, que se hoje temos tantas regras praticadas Brasil a fora, muito se deve ao fato de que o "jogo de botão" sempre possuiu um certo "caráter informal", assim como o próprio futebol da "várzea", onde cada um dita suas regras, e todas, valem-se mutuamente apenas das regulações básicas relativas ao esporte, mantendo assim, sua concepção original.
Também é importante lembrar que, as principais diferenças estabelecidas entre as regras do futebol de mesa estão baseadas muito mais nas circunstâncias relativas à dinâmica do jogo - habilidades técnicas e estratégicas - do que meramente por terem sido constituídas em locais e momentos diferentes. Na maioria absoluta dos casos, as regras praticadas hoje, foram sofrendo adaptações que tinham como objetivo principal aprimorar a dinâmica do jogo, de acordo com as   características que cada modalidade preserva, e foi justamente este processo de aprimoramento, que fortaleceu a prática de cada modalidade ou regra.

A pergunta que não quer calar: a diversidade de regras interfere no desenvolvimento do futmesa, e se interfere, ela é benéfica ou prejudicial ao crescimento do esporte como um todo? 
Na minha modesta opinião, a diversidade de regras do futmesa é um legado cultural do esporte, talvez por terem sido criadas em diferentes locais e em função das dimensões continentais do nosso país, associadas a tardia mas efetiva "organização" do futmesa, todas as regras acabaram descobrindo um ambiente favorável ao seu desenvolvimento, e na maioria dos casos, de forma independente, umas das outras. E aí reside um dos grandes problemas referente á esta realidade: a aceitação à outras regras, por parte dos praticantes de cada uma delas.
Talvez este seja o fator mais relevante, que impeça a diversidade de colaborar com a coletividade. Ou, numa análise mais objetiva, a percepção por parte de todos de que - seja jogado com bolinha,  pastilha, dadinho, disco, entre outros; seja dando entre 1 a 12 toques em cada jogada; seja jogando partidas de 20 a 50 minutos - está se praticando o futmesa.
A iniciativa dos botonistas em se aprimorar em uma determinada modalidade (a que seja mais competível com suas expectativas e habilidades) tende a fazer com que este atleta centralize seus esforços e sua prática, a uma determinada regra/modalidade específica, e isto com certeza contribui também para que, em locais reconhecidos como pólos, onde se pratica uma modalidade, nenhuma outra consiga penetrar minimamente ao ponto de se desenvolver. 

Seria esta a seleção natural das espécies? 

Seria, se analisássemos uma regra/modalidade competindo com as demais, neste caso, de acordo com as variáveis de um determinado ambiente, uma regra (a mais forte e adaptada àquelas variáveis) ocuparia todo o território disponível ao futmesa, naquele ambiente, e neste caso, o tempo, seria um fator preponderante para diferenciar os "fortes" dos "fracos", e assim teríamos, em cada ambiente (regiões) uma espécie (regra) diferente "sobrevivendo" e se "desenvolvendo".
Não seria, se analisássemos as regras/modalidades coexistindo em simbiose (da biologia: relação mutuamente vantajosa entre dois ou mais organismos de espécies diferentes). Na relação simbiótica, os organismos agem ativamente em conjunto para proveito mútuo, o que acarretar especializações funcionais de cada espécie envolvida.

E de que forma vamos estabelecer a convivência entre as regras? 
  • Competitivamente? até que apenas 1 delas supere a todas as outras ou que todas sobrevivam dependendo necessariamente de seu ambiente original?
  • Cooperativamente? Uma modalidade agregando valor a outra, somando esforços e possibilitando que o próprio botonista escolha a modalidade que mais lhe atrai, dentro de um mesmo ambiente?
A opção cooperativa exige que se tenha pensamento sistêmico, que se entenda que todas as coisas estão interligadas e que, principalmente, o TODO, é muito maior que a simples SOMA DAS PARTES. 
Na prática, é perceber que uma PIZZA representa muito mais do que OITO PEDAÇOS DE PIZZA dentro de uma CAIXA DE PIZZA. E neste caso, o exemplo serve como exercício, só não pode acabar em pizza.

O importante é o futmesa.

Gol neles...

2 comentários:

André Leal disse...

Luiz, vc tem que virar colunista do futeboldemesanews, este assunto é muito interessante e seria construtivo a participação e debate de mais pessoas ligadas às "regras oficiais".

Minha opinião (de quem já esteve na 1 toque e hj joga 12 toques), acho muito improvável que exista apenas uma regra "oficial" algum dia. Hj são 3 ditas oficiais (disco 1t, bola 3t e bola 12t) e mais uma querendo (e, provavelmente, vai virar) que é o dadinho, além do Sectorball que busca ganhar espaço no Brasil, visto ser muito praticado na Europa, cada uma com suas particularidades mas todas são futebol de mesa.

O que vejo é que hj os espaços estão se abrindo sim, por exemplo em São Paulo (berço da bola 12t) já se joga disco 1 toque, no Paraná a mesma coisa. No sentido contrário, temos no RS (um dos estados que possui o maior número de praticantes da 1 toque) grupos que estão implementando a 12 toques (Tapejara, Rio Grande e Porto Alegre). Acredito que haja resistência ou até mesmo descaso por parte da maioria, talvez alguns vejam ali uma concorrência, uma possibilidade de que alguém desista de jogar uma regra e migre para a outra, não vendo que aí existe sim é a possibilidade de fortalecimento do esporte.

Interessante é o Rio, onde todas as regras convivem (aparentemente) cordialmente entre si.

abraços

Ricardinho disse...

Grande garotinho,

Realmente, estas discussões deveriam ser mais abrangentes, acho q alta espaço para discutirmos as coisas com seriedade e objetividade, não que não possamos fazer, mas ainda falta, na nossa cultura "futebolística" o debate produtivo.

Vamos tentando.

Você citou bons exemplos, me parece claro que ao fomentar várias modalidades amplia-se a "área de atrito" do futmesa...hehe, e nesse ambiente, na minha ótica, aumentam-se as chances de nos desenvolvermos.

Mas pra nós, que já praticamos 2 modalidades parece fácil enxergar isso, dificil é convencer os mais radicais a mudarem um pouco.

Gol neles...