Tamanhas foram as suas capacidades de desenvolvimento regional que, na maioria dos casos, cada uma delas acabou se estabelecendo e se consolidando, com o passar dos anos, e algumas delas, hoje, são reconhecidas como modalidades.
Há quem defenda hoje, uma unificação das regras, para tornar a prática do esporte mais homogênea em todo o país, fortalecendo e agregando os esforços em um foco específico. Entretanto, há também os que defendem a manutenção das regras, inclusive, reconhecendo-as todas, como modalidades oficias, desde cumpridas as devidas formalidades técnicas e administrativas.
Cabe ressaltar, que se hoje temos tantas regras praticadas Brasil a fora, muito se deve ao fato de que o "jogo de botão" sempre possuiu um certo "caráter informal", assim como o próprio futebol da "várzea", onde cada um dita suas regras, e todas, valem-se mutuamente apenas das regulações básicas relativas ao esporte, mantendo assim, sua concepção original.
Também é importante lembrar que, as principais diferenças estabelecidas entre as regras do futebol de mesa estão baseadas muito mais nas circunstâncias relativas à dinâmica do jogo - habilidades técnicas e estratégicas - do que meramente por terem sido constituídas em locais e momentos diferentes. Na maioria absoluta dos casos, as regras praticadas hoje, foram sofrendo adaptações que tinham como objetivo principal aprimorar a dinâmica do jogo, de acordo com as características que cada modalidade preserva, e foi justamente este processo de aprimoramento, que fortaleceu a prática de cada modalidade ou regra.
A pergunta que não quer calar: a diversidade de regras interfere no desenvolvimento do futmesa, e se interfere, ela é benéfica ou prejudicial ao crescimento do esporte como um todo?
Na minha modesta opinião, a diversidade de regras do futmesa é um legado cultural do esporte, talvez por terem sido criadas em diferentes locais e em função das dimensões continentais do nosso país, associadas a tardia mas efetiva "organização" do futmesa, todas as regras acabaram descobrindo um ambiente favorável ao seu desenvolvimento, e na maioria dos casos, de forma independente, umas das outras. E aí reside um dos grandes problemas referente á esta realidade: a aceitação à outras regras, por parte dos praticantes de cada uma delas.
Talvez este seja o fator mais relevante, que impeça a diversidade de colaborar com a coletividade. Ou, numa análise mais objetiva, a percepção por parte de todos de que - seja jogado com bolinha, pastilha, dadinho, disco, entre outros; seja dando entre 1 a 12 toques em cada jogada; seja jogando partidas de 20 a 50 minutos - está se praticando o futmesa.
A iniciativa dos botonistas em se aprimorar em uma determinada modalidade (a que seja mais competível com suas expectativas e habilidades) tende a fazer com que este atleta centralize seus esforços e sua prática, a uma determinada regra/modalidade específica, e isto com certeza contribui também para que, em locais reconhecidos como pólos, onde se pratica uma modalidade, nenhuma outra consiga penetrar minimamente ao ponto de se desenvolver.
Seria esta a seleção natural das espécies?
Seria, se analisássemos uma regra/modalidade competindo com as demais, neste caso, de acordo com as variáveis de um determinado ambiente, uma regra (a mais forte e adaptada àquelas variáveis) ocuparia todo o território disponível ao futmesa, naquele ambiente, e neste caso, o tempo, seria um fator preponderante para diferenciar os "fortes" dos "fracos", e assim teríamos, em cada ambiente (regiões) uma espécie (regra) diferente "sobrevivendo" e se "desenvolvendo".
Não seria, se analisássemos as regras/modalidades coexistindo em simbiose (da biologia: relação mutuamente vantajosa entre dois ou mais organismos de espécies diferentes). Na relação simbiótica, os organismos agem ativamente em conjunto para proveito mútuo, o que acarretar especializações funcionais de cada espécie envolvida.
E de que forma vamos estabelecer a convivência entre as regras?
- Competitivamente? até que apenas 1 delas supere a todas as outras ou que todas sobrevivam dependendo necessariamente de seu ambiente original?
- Cooperativamente? Uma modalidade agregando valor a outra, somando esforços e possibilitando que o próprio botonista escolha a modalidade que mais lhe atrai, dentro de um mesmo ambiente?
A opção cooperativa exige que se tenha pensamento sistêmico, que se entenda que todas as coisas estão interligadas e que, principalmente, o TODO, é muito maior que a simples SOMA DAS PARTES.
Na prática, é perceber que uma PIZZA representa muito mais do que OITO PEDAÇOS DE PIZZA dentro de uma CAIXA DE PIZZA. E neste caso, o exemplo serve como exercício, só não pode acabar em pizza.
O importante é o futmesa.
Gol neles...
2 comentários:
Luiz, vc tem que virar colunista do futeboldemesanews, este assunto é muito interessante e seria construtivo a participação e debate de mais pessoas ligadas às "regras oficiais".
Minha opinião (de quem já esteve na 1 toque e hj joga 12 toques), acho muito improvável que exista apenas uma regra "oficial" algum dia. Hj são 3 ditas oficiais (disco 1t, bola 3t e bola 12t) e mais uma querendo (e, provavelmente, vai virar) que é o dadinho, além do Sectorball que busca ganhar espaço no Brasil, visto ser muito praticado na Europa, cada uma com suas particularidades mas todas são futebol de mesa.
O que vejo é que hj os espaços estão se abrindo sim, por exemplo em São Paulo (berço da bola 12t) já se joga disco 1 toque, no Paraná a mesma coisa. No sentido contrário, temos no RS (um dos estados que possui o maior número de praticantes da 1 toque) grupos que estão implementando a 12 toques (Tapejara, Rio Grande e Porto Alegre). Acredito que haja resistência ou até mesmo descaso por parte da maioria, talvez alguns vejam ali uma concorrência, uma possibilidade de que alguém desista de jogar uma regra e migre para a outra, não vendo que aí existe sim é a possibilidade de fortalecimento do esporte.
Interessante é o Rio, onde todas as regras convivem (aparentemente) cordialmente entre si.
abraços
Grande garotinho,
Realmente, estas discussões deveriam ser mais abrangentes, acho q alta espaço para discutirmos as coisas com seriedade e objetividade, não que não possamos fazer, mas ainda falta, na nossa cultura "futebolística" o debate produtivo.
Vamos tentando.
Você citou bons exemplos, me parece claro que ao fomentar várias modalidades amplia-se a "área de atrito" do futmesa...hehe, e nesse ambiente, na minha ótica, aumentam-se as chances de nos desenvolvermos.
Mas pra nós, que já praticamos 2 modalidades parece fácil enxergar isso, dificil é convencer os mais radicais a mudarem um pouco.
Gol neles...
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